quarta-feira, 2 de novembro de 2016

A Internet das coisas médicas e a rede interna

Qual a relação entre a IOT (Internet Of Things), ou Internet das coisas, a medicina e a rede interna de comunicação de uma edificação?

IOT é a denominação de uma rede de comunicação de dados em que dispositivos, sensores, processadores e atuadores, se comunicam sem fio, entre si e com outros pontos de acesso em rede como os Access Points da rede WiFi. 

Sem entrar no mérito se o nome traduz corretamente o que "IOT" significa, sabemos que a Internet é apenas um recurso que pode ser alcançado pelos dispositivos da rede interna da edificação, com ou sem IOT.

Mais popularmente, IOT é um sistema de comunicação, principalmente entre "coisas pequenas", como: celular com o relógio de pulso, sensor de pressão preso ao corpo com o celular,  etc, que podem também ter acesso à rede WiFi da edificação e, portanto, ganhar o mundo via Internet.

Conceitos como "casa inteligente", "loja inteligente", "cidade inteligente", "veículos conectados", "automação residencial", "BAN" (Body Area Network) ou rede de comunicação corporal, sensoriamento de indicadores da saúde, sensoriamento da atividade do corpo, estão intimamente ligados ao conceito genérico de IOT, obviamente, uma vez que vários dispositivos devem se comunicar.

Já há algum tempo em que se fala que a IOT vai transformar a sociedade. Especialmente, a medicina, tem muito a ganhar com essa onda, e todos nós agradecemos.

Atualmente há uma total dependência do paciente em se deslocar até as edificações médicas para consulta, diagnóstico e tratamento.

Dispositivos presos aos corpos dos pacientes, com capacidade de monitoramento, processamento e comunicação, já são uma realidade.



Por exemplo, um dispositivo fabricado pela Quell (https://www.quellrelief.com), ilustrado na figura, que se instala no corpo, associado ao seu aplicativo próprio para smartfone, executa sessões de terapia neurológica para combater dores crônicas associadas a doenças diversas, tais como diabetes, por meio de estímulos neurológicos intensivos em alta frequência (entre 50 e 100 Hz). 

Segundo o fabricante,  a eletroterapia envia estímulos à medula espinhal, cujo efeito analgésico bloqueia a dor e provoca alívio generalizado, não apenas em uma parte específica do corpo, inclusive durante o sono. O dispositivo corporal se comunica com o smartfone normalmente por BLE (Bluetooth Low Energy). O aplicativo instalado no smartfone controla as sessões eletroterápicas, coletando indicadores corporais, ajustando a intensidade, etc, que podem ser compartilhados pela rede WiFi da edificação ou mesmo via conexões 3G/4G, para monitoramento remoto do paciente.

Outros dispositivos executam funções de forma programada, monitorada e controlada, como os monitores de glicose, aplicadores de insulina para diabéticos, sensores de queda para idosos e até desfibriladores automáticos para portadores de deficiência cardíaca com risco de infarto.

Quanto à comunicação entre o dispositivo e nosso aparelho celular, que faz parte da BAN ou rede de comunicação corporal, tende a ser via BLE, também conhecida por Bluetooth Smart, protocolo que opera na faixa de 2,4 GHz, com taxa de transmissão de até 1 Gbps e alcance até 20 metros. Presente na maioria dos smartfones juntamente com o Bluetooth comum, o BLE possui estratégia de transmissão de dados diferente do Bluetooth comum, inclusive com menor demanda de potência.

Nos ambientes hospitalares, onde a  banda de 2,4 GHz é também ocupada pelos rádios da rede WiFi, é preciso atenção no projeto para evitar interferências. O aspecto "segurança" deve ser levado em consideração no projeto, podendo ser reforçado com medidas adicionais.

A comunicação sem fio, característica básica da IOT, pode lançar mão de outros protocolos. Em especial temos o NFC (Near-Field Communication), ou comunicação em campo próximo, cujo alcance vai até 10 cm. Sua aplicação é distinta do BLE. No caso da rotina hospitalar, serve para coletar dados aproximando o leitor, que pode ser um celular, do dispositivo corporal preso ao corpo do paciente, podendo ainda apresentar resultados, processados pelo aplicativo, em função desses dados, agilizando sobremaneira o atendimento. 

Este protocolo também é interessante para transferência de dados gerais entre dispositivos, apenas pela aproximação deles, como um pagamento, por exemplo, com segurança, desde que nenhum outro dispositivo esteja a menos de 10 cm dos dois dispositivos em comunicação.

A possibilidade de comunicação entre esses pequenos dispositivos e a rede interna da edificação, saindo para a Internet, é que muda tudo. A possibilidade de monitoramento e diagnóstico remoto, em tempo real, permite um grande avanço, tanto na medicina preventiva como no tratamento de doenças crônicas, levando boa parte dos pacientes do hospital para casa.

Uma edificação, erguida para servir por um tempo de 50 anos ou mais,  deve estar equipada com uma rede interna capaz de atender as demandas de IOT para, no mínimo, os próximos 15 anos sem precisar de qualquer alteração de sua infraestrutura e estar preparada para sofrer modificações e ampliações nos próximos 50 anos, mas que sejam minimamente invasivas.

A afirmação do parágrafo anterior é válida para qualquer tipo de edificação, entretanto, como um hospital é muito mais sensível a obras em seu interior e essas obras devem ser evitadas a todo custo, é bom começar com um projeto adequado da sua rede interna de  comunicação, que considere, entre outros aspectos, a massificação do uso de IOT.


A conclusão é que IOT, na forma mais avançada que possamos imaginar hoje, apesar de parecer futurismo, é uma realidade quando se fala em projeto de rede interna. A tendência de vestirmos esses pequenos dispositivos que querem se comunicar com seus controladores e monitores humanos, para o nosso bem, espero, é nítida.

Nenhum comentário:

Postar um comentário