Qual a relação entre a IOT (Internet Of Things), ou Internet das
coisas, a medicina e a rede interna de comunicação de uma edificação?
IOT é a denominação de uma rede
de comunicação de dados em que dispositivos, sensores, processadores e
atuadores, se comunicam sem fio, entre si e com outros pontos de acesso em rede
como os Access Points da rede WiFi.
Sem entrar no mérito se o nome traduz corretamente
o que "IOT" significa, sabemos que a Internet é apenas um recurso que
pode ser alcançado pelos dispositivos da rede interna da edificação, com ou sem
IOT.
Mais popularmente, IOT é um
sistema de comunicação, principalmente entre "coisas pequenas", como: celular com o relógio de pulso, sensor de pressão preso ao corpo com o celular, etc, que podem também ter acesso à rede WiFi
da edificação e, portanto, ganhar o mundo via Internet.
Conceitos como "casa
inteligente", "loja inteligente", "cidade inteligente",
"veículos conectados", "automação residencial", "BAN"
(Body Area Network) ou rede de
comunicação corporal, sensoriamento de indicadores da saúde, sensoriamento da
atividade do corpo, estão intimamente ligados ao conceito genérico de IOT, obviamente,
uma vez que vários dispositivos devem se comunicar.
Já há algum tempo em que se fala
que a IOT vai transformar a sociedade. Especialmente, a medicina, tem muito a
ganhar com essa onda, e todos nós agradecemos.
Atualmente há uma total
dependência do paciente em se deslocar até as edificações médicas para consulta,
diagnóstico e tratamento.
Dispositivos presos aos corpos
dos pacientes, com capacidade de monitoramento, processamento e comunicação, já
são uma realidade.
Por exemplo, um dispositivo
fabricado pela Quell (https://www.quellrelief.com), ilustrado na figura, que se
instala no corpo, associado ao seu aplicativo próprio para smartfone, executa sessões
de terapia neurológica para combater dores crônicas associadas a doenças
diversas, tais como diabetes, por meio de estímulos neurológicos intensivos em
alta frequência (entre 50 e 100 Hz).
Segundo o fabricante, a eletroterapia envia estímulos à medula espinhal,
cujo efeito analgésico bloqueia a dor e provoca alívio generalizado, não apenas
em uma parte específica do corpo, inclusive durante o sono. O dispositivo
corporal se comunica com o smartfone normalmente por BLE (Bluetooth Low Energy). O aplicativo instalado no smartfone controla
as sessões eletroterápicas, coletando indicadores corporais, ajustando a
intensidade, etc, que podem ser compartilhados pela rede WiFi da edificação ou
mesmo via conexões 3G/4G, para monitoramento remoto do paciente.
Outros dispositivos executam
funções de forma programada, monitorada e controlada, como os monitores de
glicose, aplicadores de insulina para diabéticos, sensores de queda para idosos
e até desfibriladores automáticos para portadores de deficiência cardíaca com
risco de infarto.
Quanto à comunicação entre o
dispositivo e nosso aparelho celular, que faz parte da BAN ou rede de comunicação
corporal, tende a ser via BLE, também conhecida por Bluetooth Smart, protocolo que opera na faixa de 2,4 GHz, com taxa
de transmissão de até 1 Gbps e alcance até 20 metros. Presente na maioria dos
smartfones juntamente com o Bluetooth
comum, o BLE possui estratégia de transmissão de dados diferente do Bluetooth comum, inclusive com menor
demanda de potência.
Nos ambientes hospitalares, onde
a banda de 2,4 GHz é também ocupada pelos
rádios da rede WiFi, é preciso atenção no projeto para evitar interferências. O
aspecto "segurança" deve ser levado em consideração no projeto,
podendo ser reforçado com medidas adicionais.
A comunicação sem fio,
característica básica da IOT, pode lançar mão de outros protocolos. Em especial
temos o NFC (Near-Field Communication),
ou comunicação em campo próximo, cujo alcance vai até 10 cm. Sua aplicação é
distinta do BLE. No caso da rotina hospitalar, serve para coletar dados aproximando
o leitor, que pode ser um celular, do dispositivo corporal preso ao corpo do
paciente, podendo ainda apresentar resultados, processados pelo aplicativo, em
função desses dados, agilizando sobremaneira o atendimento.
Este protocolo
também é interessante para transferência de dados gerais entre dispositivos,
apenas pela aproximação deles, como um pagamento, por exemplo, com segurança, desde
que nenhum outro dispositivo esteja a menos de 10 cm dos dois dispositivos em
comunicação.
A possibilidade de comunicação entre
esses pequenos dispositivos e a rede interna da edificação, saindo para a Internet, é que
muda tudo. A possibilidade de monitoramento e diagnóstico remoto, em tempo
real, permite um grande avanço, tanto na medicina preventiva como no tratamento
de doenças crônicas, levando boa parte dos pacientes do hospital para casa.
Uma edificação, erguida para servir
por um tempo de 50 anos ou mais, deve
estar equipada com uma rede interna capaz de atender as demandas de IOT para,
no mínimo, os próximos 15 anos sem precisar de qualquer alteração de sua
infraestrutura e estar preparada para sofrer modificações e ampliações nos
próximos 50 anos, mas que sejam minimamente invasivas.
A afirmação do parágrafo anterior
é válida para qualquer tipo de edificação, entretanto, como um hospital é muito
mais sensível a obras em seu interior e essas obras devem ser evitadas a todo
custo, é bom começar com um projeto adequado da sua rede interna de comunicação, que considere, entre outros
aspectos, a massificação do uso de IOT.
A conclusão é que IOT, na forma mais
avançada que possamos imaginar hoje, apesar de parecer futurismo, é uma realidade quando se fala em projeto de rede
interna. A tendência de vestirmos esses pequenos dispositivos que querem se
comunicar com seus controladores e monitores humanos, para o nosso bem, espero, é nítida.
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