O cenário
A
falta de bons serviços de telecomunicações nas residências e empresas é um
assunto constantemente levantado e debatido pelos moradores nas reuniões de
condomínio, fóruns e associações, onde as discussões e dicas de alguns, com
base em suas experiências pessoais, apesar de serem contribuições
interessantes, não são suficientes para se formar uma opinião contundente sobre
o cenário.
A questão é dinâmica. A localização do condomínio
influencia fortemente na probabilidade ou até na viabilidade de um bom serviço,
evidentemente, mas há, entretanto, outras componentes que também exercem forte
influência.
Tenho
sido consultado por moradores que buscam informações sobre qual seria a melhor
operadora de serviços de telecomunicações para se contratar. Acontece que esta
questão não tem uma resposta definitiva e, se tivesse, não duraria muito tempo.
Acho
que posso ajudar mais se fizer um pequeno resumo técnico sobre o assunto e focar
na causa do problema, ao invés de tentar eleger alguma operadora como “a melhor”.
O meio de
comunicação
As
comunicações chegam ao ponto de consumo (usuário) basicamente por dois meios de
comunicação: cabo de comunicação ou irradiação eletromagnética. O quadro abaixo
sintetiza as possibilidades e alguns exemplos entre parêntesis.
Uma solução via cabo tem as vantagens
de ser mais confiável, mais estável e suportar velocidades maiores, porém exige
mais planejamento, tem custo maior e demanda mais tempo para ser implantada.
As soluções via rádio permitem mobilidade.
A
fibra óptica tem muitas vantagens em relação aos cabos de cobre. Suporta uma
velocidade de transmissão muito maior e é imune a interferências eletromagnéticas
e descargas atmosféricas.
A tendência tecnológica é atender as
edificações (casas e prédios) via cabo de fibra óptica e os usuários móveis via
4G, para as transmissões de dados digitais, principalmente de acesso à rede
Internet. Não devemos esquecer as transmissões por difusão que continuam sendo
a forma mais barata de acessar o usuário.
As operadoras escolhem a opção a
adotar com base em análises da relação benefício/custo. Não há como eleger “a
melhor” operadora, no sentido absoluto, sem um critério objetivo.
A
convergência dos serviços de telecomunicações
Há
três serviços básicos de telecomunicações: Telefonia,
TV e Dados.
Tradicionalmente esses serviços eram
tratados de forma independente e distinta, por empresas diferentes e
especializadas em cada um deles, sofrendo pressões dos grandes grupos
econômicos que defendem seus interesses e muitas vezes até por força de lei:
quem vende telefonia fixa não pode distribuir TV, quem vende telefonia móvel
não pode vender a fixa, e assim por diante.
Com a evolução tecnológica, as
informações dos três serviços migraram para o formato digital, ou seja: dados
digitais. Isto significa que um mesmo equipamento pode transmitir os três
serviços. Não faz mais sentido manter esses serviços separados. Além do mais, o
custo seria maior.
Chama-se de “convergência das
comunicações” a transformação desses três serviços, tradicionalmente
independentes, em um único serviço, também conhecido como Triple Play.
O problema
Recentemente,
conversando com profissionais técnicos e comerciais das operadoras em Brasília,
especificamente sobre a situação do Park Way, fiquei surpreso com a posição
deles, que foi praticamente unânime. Listaram os três principais problemas que
desestimulam suas empresas a investir em infraestrutura para prestar os serviços.
1) Falta de
infraestrutura para telecomunicações nos condomínios
2) Furto de
cabos e equipamentos instalados nos postes
3) Baixa
densidade demográfica
Ao questioná-los sobre outras regiões
administrativas do Distrito Federal, a resposta da falta de infraestrutura se
manteve em destaque, principalmente em relação aos condomínios horizontais.
Às vezes o sinal da operadora chega à porta do
condomínio, mas não tem como ser distribuído adequadamente para as unidades. Claramente
a falta de infraestrutura dos condomínios é resultado da falta de projeto da
rede interna de telecomunicações. É o aspecto de maior relevância, responsável
por cerca de 80% do problema, mas, teoricamente, o mais fácil de resolver, já
que depende exclusivamente dos moradores.
O
segundo aspecto é um caso de polícia. O terceiro é circunstancial.
Esse
problema é crônico em Brasília. Sem uma rede interna de telecomunicações adequada
os condomínios são condenados a sofrer com serviços precários de TV a cabo,
Internet, interfone, segurança, telefonia e outros.
A solução
É fazer o projeto integrado da rede
interna de telecomunicações do condomínio e contratar uma instaladora de rede
interna para executar. É simples assim. Por mais óbvio que possa parecer, sua
importância não é de conhecimento da maioria das pessoas. Os condomínios e
residências continuam sendo construídos sem projeto de telecomunicações
internas, provocando sempre o mesmo problema.
Todo condomínio precisa ter uma Sala
de Equipamentos de Telecomunicações – CER
(Communication Equipment Room). Esta sala serve para acomodar os recursos de
telefonia, dados, vídeo, automação, etc, formados por quadros de distribuição,
rack, painéis de manobra e equipamentos.
Houve
uma mudança de paradigma no que se refere ao projeto das instalações de telecomunicações
no interior dos prédios e condomínios, causada pela mudança de comportamento
das pessoas e corporações em relação às comunicações, recursos multimídia e
automação.
Atualmente é fundamental que se faça um projeto da
rede interna do condomínio e das também unidades autônomas e que esse projeto
seja integrado, contemplando os doze subsistemas, que são:
1)
Telefonia
2)
Rede de dados de computadores
3)
Interfone, sinalização e chamada
4)
CATV (TV aberta e a cabo)
5)
CFTV (circuito fechado de TV, gestão visual e
segurança)
6)
Rede sem fio (wireless)
7)
Controle de acesso, intrusão e alarme
8)
Detecção e alarme de incêndio
9)
Sonorização do ambiente
10) Controle de
temperatura e umidade
11) Controle de
energia elétrica (automação)
12) Captação e
roteamento de áudio
A questão chave é: “projeto integrado da rede interna”. Além de evitar os
problemas citados, pode valorizar o imóvel em até 20%. É preciso desmistificar.
Isto não é luxo. É investimento e qualidade. É recomendável que o síndico inclua
esta questão na pauta.
Uma das formas de se executar o
projeto é utilizando a metodologia “One Shot Design”, OSD, específica para
infraestrutura de rede interna de telecomunicações.
A utilização da metodologia OSD aumenta a
eficiência da obra e é um bom exemplo de que a qualidade pode operar a favor da
redução de custos.
Conheça a rede do seu condomínio
Conheça a rede
interna de telecomunicações do seu condomínio. Peça ao síndico para fazer um
tour e verifique alguns pontos básicos:
- Há uma Sala de Equipamentos de Telecomunicações – CER ?
- Há um sistema de encaminhamento de cabos adequado para atender telefonia, CATV, Internet, CFTV, rede wireless e outros subsistemas, de um ponto central (Sala de Equipamentos) no condomínio, para todas as unidades?
- Há um cabeamento de rede adequado de um ponto central (Sala de Equipamentos) para todas as unidades? (Cabo de telefonia, cabo de rede, cabo coaxial para CATV,...)
- O quadro de entrada dos cabos telefônicos é organizado? Possui espaço para ampliação? É seguro?
- A distribuição dos cabos telefônicos para as unidades permite ampliação?
- Como está a fiação da central de interfonia? Organizada? Há um bloco de distribuição?
- Como está o cabeamento dos sensores de presença?
- O servidor de gravação do CFTV está em local adequado e seguro? E o cabeamento?
- Existe um aterramento de telecomunicações adequado?
Estas são apenas algumas perguntas
que se poderia fazer sobre a infraestrutura interna do condomínio, mas as
respostas às cinco primeiras são fundamentais para se avaliar se o condomínio
tem condições de receber um bom serviço de telecomunicações.
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