sábado, 10 de março de 2012

Ajuste da estrutura de ganho

 

Ajuste da estrutura de ganho

 

Fabio Montoro

Brasília, 10 de março de 2012

 

Este artigo pode ser encarado como um procedimento técnico para “ajuste do som” em uma aplicação de som ao vivo para apresentação musical e de voz.

A estrutura de ganho é a sequência de ganhos estabelecidos nos equipamentos de áudio

 

1)     Aplicação: Ajustar os ganhos dos equipamentos envolvidos na cadeia de áudio

 

  

2)     Objetivos da estrutura de Ganho:

 

a.     Manter os controles de volume (Faders) na faixa adequada: em torno do Zero (Main Fader e Faders dos canais)

b.     Permitir boa leitura dos níveis nos indicadores:

                                                    i.     Medidor RMS (VI) indicar 0 dB

                                                   ii.     Medidor de pico (PPI) indicar + 16 dB

c.      Otimizar a relação sinal-ruído na saída do mixer

d.     Evitar distorções devido a saturações (clippings)

 

3)     Ajuste o ganho do pré-aplificador do mixer:

a.     Coloque os Faders em zero

b.     Ajuste o ganho para obter a leitura adequada

 

4)     Faixa Dinâmica (Dinamic Range – DR)

 

·       É a diferença entre o maior e o menor nível de sinal que pode ocorrer no equipamento durante sua operação. É importante determinar a DR do mixer:

·       O limite inferior é o valor RMS do ruído residual do mixer quando nenhum sinal estiver sendo aplicado.

·       A relação sinal-ruído é a diferença entre o nível do sinal e o nível do ruído residual

        

5)     Os picos do sinal na saída do mixer devem ficar perto do limite superior da DR: 28 dBu (esperado). Uma margem em torno de 24 dB entre o valor RMS do sinal e o topo da DR deve ser reservada para acomodar os picos e evitar saturação. Então o sinal RMS deve ficar em 4 dBu.

 

6)     Determine a Faixa Dinâmica (DR) do mixer

 

a.     Determine o nível máximo de saída do mixer:

 

                               i.     Zera o ganho do pré-amplificador;

                              ii.     Posiciona o Fader de canal em -10 dB;

                             iii.     Posiciona o Main em -3 dB;

                             iv.     Injeta um sinal de 1000 Hz @ -15 dBu;

                                        1.     Eleva o ganho do pré-amplificador até clipar, volta um pouco;

                                        2.     Eleva o ganho do Fader até saturar, volta um pouco;

                                        3.     Eleva o ganho do Main até saturar, volta um pouco;

                                        4.     Mede a saída com um multímetro RMS. Este é o valor máximo do Mixer. 

                                         5.     Valor esperado = +28 dBu (teto da faixa dinâmica).

 

                             v.     Alternativa com piezo tweeter (Zin = 2 kW, BW = 1 a 20 kHz): injeta um sinal de 400 Hz @ -15 dBu;

1.     Utilizar um cabo de sangria para o piezo tweeter

 

 b.     Determine o ruído residual, se houver dúvida quanto a este parâmetro:

                            i.     Mantenha os controles de volume nas posições anteriores

                           ii.     Encaixe um adaptador XLR com um resistor de 150 W, na entrada do mixer

 

               iii.     Medir o nível RMS na saída. Digamos que o nível caia para – 67 dBu. Este é o nível de ruído residual. Então, a DR será = 28 – (-67) = 95 dB

 

c.      Determine a saída do mixer com os Faders em zero:

                           i.     Reconecte o gerador de sinal com uma senóide em 400 Hz. Teste para o nível de saída dos seguintes dispositivos:

 1.    Microfone = 1 mVrms (-60 dBV)

2.     CD player = 300 mVrms (-10 dBV)

3.     iPod = 500 mVrms (-6 dBV)

4.     Mixer = 1 Vrms ( 0dBV)

 

                                             0,775 Vrms =   0     dBu = 0 dBm @ 600W

                                             1,000 Vrms = +2,2 dBu = +2,2 dBm @ 600W

                                             1,228 Vrms = +4    dBu = +4 dBm @ 600W


                         ii.     Ajuste o pré do mixer em zero

                         iii.     A saída deve ficar no valor nominal do mixer = + 4 dBu

 

7)     Se o mixer não conseguir elevar o nível da fonte sem acrescentar ruído, é sinal que a fonte está com o nível muito baixo ou o mixer não é do tipo profissional. Verificar nível da fonte e possibilidade de aumentá-lo. Um mixer profissional deve ter DR perto de 100 dB.

 

8)     Somatório de canais:

  

 a.     Deve ser deixada uma margem, que pode ser em torno de 10 dB se não houver mais informações sobre as fontes, para acomodar o somatório. Considerando “n” fontes:

b.     Para 4 dispositivos, por exemplo:


 

9)     Os demais equipamentos do restante da cadeia (processador e amplificador) devem estar com o mesmo limite superior de saturação (+ 28 dB).

a.     A entrada do processador será de +4 dBu mais margem para os picos.

b.     Sua saída deve ser na mesma faixa, ou seja, o ganho do processador deve ser regulado para 0 dB.

c.      Se o amplificador possuir ajuste de sensibilidade, observar que esteja posicionado antes da saturação.

d.     A margem para picos, citada anteriormente como sendo de 24 dB, pode variar de +18 dB a +30 dB e o técnico deve observar que tipo de programação vai ser gerada e qual a sua dinâmica para estabelecer a margem correta.

e.     Se o processador tiver um limite superior mais baixo que o mixer, pode haver saturação. As alternativas são (tente a primeira, se não atender escolha uma das demais):

                              i.     Conviver com eventuais distorções nos picos;

                             ii.     Reduzir o ganho do mixer e piorar a relação sinal-ruído;

                            iii.     Introduzir um atenuador (pad) depois do mixer. A atenuação necessária será a diferença entre os limites do mixer e do processador.

                            iv.     Reduzir a sensibilidade de entrada do processador

 

10)  Verifique o limite de saturação do amplificador:

a.     Reduza a sensibilidade de amplificador;

b.     Insira um sinal na entrada do amplificador, com o gerador senoidal;

c.      Instale um osciloscópio ou um piezo na saída do amplificador;

d.     Observe a saturação.

  

- o – o – o –

 

 

Referências:

 

Valor médio

Vp-p

dBu

Formato do sinal

0,775 Vrms

1,10

0

Senoidal

1,34

Onda triangular

5,11

Ruído gaussiano

1 Vrms

1,41

+ 2,2

Senoidal

1,73

Onda triangular

6,60

Ruído gaussiano

1,228 Vrms

1,74

+ 4

Senoidal

2,13

Onda triangular

8,10

Ruído gaussiano