Transmissão
HDSL na última milha
Fabio
Montoro
Abril,
1994
A "última milha",
denominação para o trecho de cabo que vai da edificação do usuário final até a
central regional da operadora de telecomunicações (Central Telefônica), é o
gargalo para as comunicações de dados
entre o usuário e a rede, porque é, tradicionalmente, construída com cabos em
pares metálicos cujas bitolas variam entre 26 e 19 AWG.
A nova tecnologia HDSL (High bit rate Digital Subscriber Loop), que suplantou a transmissão em
banda-base (que atinge 19.200 bps), muito utilizada no Brasil, permite aumentar
em cerca de dez vezes a velocidade de transmissão em relação ao enlace com
banda base e três vezes em relação aos enlaces T1 e E1.
As transmissões banda-base e
T1/E1 operam a 4 fios, de forma simétrica, sendo um par para transmissão e outro para recepção. A tecnologia HDSL também
opera de forma simétrica, a 4 fios, porém full-duplex nos dois pares.
A tecnologia HDSL utiliza a codificação de linha conhecida
como 2B1Q, também utilizada na RDSI. No
Brasil utilizamos o padrão E1, cuja taxa de transmissão é de 2.048 bps (nos
Estados Unidos se usa o padrão T1, cuja taxa de transmissão é de 1.544 bps).
A Zetha está comercializando no Brasil os modems HDSL fabricados pela ParGain Technologies, Califórnia, Estados Unidos, que utiliza um circuito integrado VLSI (Very Large Scale Integration) com 250 mil transistores e capacidade de processamento de sinal (DSP) de 250 MIPS (milhões de instruções por segundo). A PairGain garante que a taxa de erro é muito baixa, da ordem de 0,1 ppm (parte por milhão), ou seja, de 10-10, comparável à da fibra óptica, e que o retardo de transmissão, em um sentido, fica abaixo de 300 µs.
O preço de mercado, nos
Estados Unidos, anunciado em reportagem veiculada pela revista Data
Communications de Janeiro de 1994, é de U$ 2.995,00 para o modelo Campus E1,
apropriado ao Brasil. Nessa faixa de
preço apenas o mercado profissional será
o consumidor inicial dessa categoria de produto, mas a tecnologia de
transmissão full-duplex em pares metálicos utilizando cancelamento de eco por
processamento digital de sinais (DSP) está apenas no começo e certamente haverá uma queda de preço que permitirá o uso
mais globalizado da comunicação em alta velocidade pelo usuário de menor porte,
principalmente aqueles que demandam um volume maior de dados na recepção do que
na transmissão e precisam de um canal assimétrico. Além do preço e da
flexibilidade na simetria da comunicação, a tecnologia precisa avançar e ampliar o alcance em
enlaces com bitola 26 AWG para além dos 10 km. Um modem banda-base tradicional
consegue passar dos 10 km em pares 26 AWG, porém com taxa de transmissão de
apenas 4.800 bps.
Para o mundo corporativo, que
continua aguardando o estouro da fibra óptica, esta é uma boa notícia, apesar
dos alcances ainda não serem comparáveis aos enlaces por cabo de fibra óptica.
Os alcances das transmissões HDSL dependem da velocidade de transmissão na
linha e da bitola do cabo metálico em par trançado. A tabela mostra quais são
os alcances dos dois modelos de HDSL da PairGain (T1 e E1).
Bitola [AWG] |
Resistência do enlace [Ω/km] |
Perda [dB/km] |
Alcance máx [km] |
Resistência do enlace máximo |
|
T1 |
26 |
273,6 |
12,7 |
2,7 |
752 |
24 |
170,3 |
9,3 |
3,7 |
638 |
|
22 |
106,3 |
7,2 |
4,9 |
522 |
|
19 |
52,8 |
5,1 |
6,9 |
367 |
|
E1 |
26 |
273,6 |
13,9 |
2,5 |
687 |
24 |
170,3 |
10,5 |
3,3 |
570 |
|
22 |
106,3 |
8,1 |
4,3 |
457 |
|
19 |
52,8 |
5,7 |
6,1 |
322 |
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